Uma atitude muito simples praticada por quase todos nós, pode trazer prejuízos sérios para a visão: o hábito de coçar os olhos. Esse hábito pode predispor ao ceratocone, uma alteração do anatomia da córnea, que ganha formato de cone. A doença, traz variados graus de astigmatismo e também pode causar a opacidade em uma estrutura que deve ser transparente.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, a doença pode evoluir por toda a vida. O problema costuma ser comum em adultos jovens e é responsável por mais de 50% dos transplantes realizados anualmente no país. Dados apontam que cerca de treze mil brasileiros, têm que realizar o procedimento, para recuperar a visão.
“Geralmente tudo começa na adolescência e o principal sintoma é a diminuição da visão. Em alguns pacientes o ceratocone é progressivo e acompanhamos muitos casos na clínica. O diagnóstico é feito através de uma consulta oftalmológica minuciosa e exames complementares, como a topografia e paquimetria, avaliando a curvatura e a espessura da córnea”, diz o oftalmologista Fernando Medeiros.
Os principais fatores de risco são a história familiar e a conjuntivite alérgica. O ato de coçar os olhos deve ser evitado. Nos estágios iniciais, apenas óculos são necessários e em casos moderados o uso de lentes de contato rígidas especiais pode melhorar muito a visão. Em Petrópolis, a Oftalmo Clínica tem o primeiro equipamento da cidade para realizar o Cross Linking, procedimento que modifica e fortalece a estrutura de colágeno nas córneas, evitando a evolução da doença.
“Nos últimos 10 anos o tratamento melhorou muito com o surgimento do procedimento de crosslinking, em que uma luz ultravioleta modifica e fortalece a estrutura do colágeno das córneas. Outra possibilidade de intervenção é o implante de anéis intra-estromais, que modificam a curvatura da córnea, diminuindo o grau e melhorando a visão. Esses procedimentos reduzem inclusive, o número de transplantes necessários”, explica o especialista.
Dr. Fernando Medeiros é oftalmologista, tem mestrado em córnea pela UFRJ e certificação da Associação Pan-americana de banco de olhos. Foi assessor médico do banco de olhos de Rio de Janeiro, sendo responsável pelo treinamento da equipe e pela avaliação e controle de qualidade dos tecidos doados. Ao longo de vinte e cinco anos de exercício profissional já realizou mais de 300 transplantes de córnea.